A propósito da leitura do MEMORIAL DO CONVENTO, de José Saramago, os alunos do 12º ano visitaram o palácio e assistiram à adaptação teatral do romance.
A celebração chegou mais cedo para os alunos e as professoras de História e de Português do 12º F.
Graças ao convite vindo da Associação 25 de Abril – pela mão da dra. Marília Afonso, durante muitos anos membro do Gabinete da Rede de Bibliotecas Escolares e agora colaboradora da Associação – a Biblioteca/aLer+ teve de novo a oportunidade de colaborar na visita aos lugares de Lisboa onse se passaram alguns dos acontecimentos decisivos da Revolução dos Cravos.
Esses lugares ganharam novos contornos, com o testemunho genuíno e convicto dos militares de Abril que nos conduziram nesse roteiro - os coronéis Aniceto Afonso, Matos Gomes e Rosado da Luz.
A eles os nossos agradecimentos, por este dia e, sobretudo, por há 41 anos.
A leveza do Origami voltou à Biblioteca num Dia Mundial do Livro, trazida pela professora Helena Matos. Alunos do 8º e do 11º anos aprenderam a dobrar lindos cisnes-marcadores, nas páginas impressas com as frases que previamente tinham escrito, a propósito dos livros. Na conversa que se seguiu, desdobraram-se palavras e ideias, rasgaram-se alguns preconceitos, trocaram-se opiniões. Três ideias fortes andaram por entre a maioria das frases, tão interdependentes e tão indispensáveis aos livros – liberdade, imaginação, descoberta. A troca foi o gesto simbólico final, realçado pela professora, que lembrou o desejo de boa sorte associado à oferta de um origami.
Neste dia, boa sorte e bons livros!
CONCURSO NACIONAL DE LEITURA - PROVA DISTRITAL
A prova distrital do Concurso Nacional de Leitura realizou-se na Lourinhã, onde um autocarro da CMO nos levou, com os concorrentes e professores acompanhantes de outras escolas do concelho.
De entre os mais de 200 participantes na prova escrita, a Mafalda Jesus, do 10º B, foi uma das 10 apuradas para a oral!
VENCEDORES DO CONCURSO DE LEITURA
Na escolha dos textos para a 1ª fase do Concurso Nacional de Leitura deste ano, esteve presente, além da qualidade literária, a preocupação de a atividade se associar tematicamente ao projeto OLHAR A TERRA. Selecionámos, assim, para o 3º ciclo, um texto de Mia Couto, “A Luavezinha”, em que um pássaro sonhador sentirá muitas saudades da Terra de onde um dia voou:
E pousou naquela terra da lua, imensa savana pétrea. A ave contemplou aquela extensão de luz e ficou esperando a noite para adormecer. Mas noite nenhuma chegou.
Na lua não fazia dia nem noite. É sempre luz. E o pássaro cansado da sua vigília quis voltar à terra. Bateu as asas mas não viu seu corpo se suspender. As asas se tinham convertido em luar. Com o bico desalisou as penas. Mas penas já nem eram: agora simples reflexos, rebrilhos de um sol coado. O pássaro lançou seu grito, esses que deflagrava antes de se erguer nos céus. Mas sua voz ficou na intenção. A ave estava emudecida. Porque na lua o céu é quase pouco. E sem céu não existe canto.
Triste, ela chorou. Mas as lágrimas não escorreram. Ficaram pedrinhas na berma da pálpebra, cristais de prata.
Mia Couto, "A luavezinha", in Contos do Nascer da Terra
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Para o Secundário, optámos por “Aquele Azul”, de Maria Judite de Carvalho, uma das maiores contistas portuguesas. Num registo próximo da ficção científica, acompanhamos a queda de um homem numa estranha gruta, vestígio de um passado anterior à destruição do azul:
Havia um azul... O homem buscou na memória um azul semelhante, mas não conseguiu encontrar nenhum, porque o céu do seu mundo era acinzentado, as águas - raras - eram opacas, e nunca vira flores. Tudo tinha ficado assim desde a guerra, a última, a guerra enorme, quando os homens tinham morrido em tão grande número e as cidades haviam sido destruídas. No tempo do avô do seu avô, talvez. Ou mais longe.
Aquele azul: Era uma mancha informe, mas de uma beleza... A beleza do impossível, deu consigo a pensar. A beleza do que não pode existir, do que tem por força que ser mentira.
Mas aquilo não era mentira, e a mão do homem subiu e tocou-lhe ao de leve, como um crente tocaria a medo uma imagem miraculosa, e também como um poeta tocaria uma estrela. O homem, porém, não era crente nem poeta, ou talvez fosse ambas as coisas e o ignorasse. Aquele azul, porém... A mão tacteou ao de leve, ajudada pelo pincel de luz, e ele recuou, foi recuando, e quase no buraco por onde entrara, esquecido do perigo lá de fora, olhou sem bater as pálpebras. E surgiram outras cores, também diluídas, embora a mais intensa, a mais bela também, continuasse a ser aquele azul.
Maria Judite de Carvalho, “Aquele Azul”, in Além do Quadro