PEDRO LIND REGRESSA À SUA CASA
O auditório estava literalmente a abarrotar, com as quatro turmas de Ciências do 11º ano. A pedido dos professores de Filosofia, e a propósito do estudo do conhecimento científico, Pedro Lind, Físico e Orientador de Doutoramentos em Física, inventou, generosamente, tempo de que não dispõe, para poder, uma vez mais, regressar à sua antiga Escola.
Numa comunicação de enorme clareza, tornando os temas mais arrevesados problemas acessíveis a todos, falou com a assistência acerca do que distingue a ciência de outras actvidades humanas - ele que, da música à literatura ou à própria filosofia, por tantas se interessa -, sobre a verdade ou simplesmente a objectividade, ou sobre a objectividade possível, sobre o erro, sobre os paradigmas e o que leva a que estes mudem.
De cada vez que o Pedro Lind retorna, temos, paradoxalmente, a consciência do que de único existe em cada um desses momentos.
CONCURSO “AS LISBOAS DE PESSOA”
Entre o último dia de aulas do 2º período e o início do 3º, mais exatamente aproveitando a comemoração do Dia Mundial do Livro, foram entregues os prémios aos alunos vencedores do Concurso de Fotografia “As Lisboas de Pessoa”.
De acordo com o Regulamento, os concorrentes do 1º escalão podiam inspirar-se no poema de Álvaro de Campos “Acordar da cidade de Lisboa, mais tarde do que as outras” e os do 2º escalão no poema “Lisbon Revisited (1926)”, do mesmo heterónimo pessoano.
O júri atribuiu uma menção honrosa no 3º ciclo, entregue pela professora de Português Paula Varela, e, no Secundário, dois terceiros prémios ex-aequo, um segundo prémio e um primeiro prémio, entregues, respetivamente, pelos professores Maria João Cortegaça, professora de Oficina de Artes, Ana Páscoa, em representação do júri, e Carlos Guerreiro, diretor do Agrupamento.
Todos os trabalhos concorrentes se encontram expostos no corredor da Biblioteca.
Acordar da cidade de Lisboa, mais tarde do que as outras,
Acordar da Rua do Ouro,
Acordar do Rossio, às portas dos cafés,
Acordar
E no meio de tudo a gare, que nunca dorme,
Como um coração que tem que pulsar através da vigília e do sono.
Toda a manhã que raia, raia sempre no mesmo lugar,
Não há manhãs sobre cidades, ou manhãs sobre o campo.
À hora em que o dia raia, em que a luz estremece a erguer-se
Todos os lugares são o mesmo lugar, todas as terras são a mesma,
E é eterna e de todos os lugares a frescura que sobe por tudo.
Uma espiritualidade feita com a nossa própria carne,
Um alívio de viver de que o nosso corpo partilha,
Um entusiasmo por o dia que vai vir, uma alegria por o que pode acontecer de bom,
São os sentimentos que nascem de estar olhando para a madrugada,
Seja ela a leve senhora dos cumes dos montes,
Seja ela a invasora lenta das ruas das cidades que vão leste-oeste,
Seja […]
A mulher que chora baixinho
Entre o ruído da multidão em vivas...
O vendedor de ruas, que tem um pregão esquisito,
Cheio de individualidade para quem repara...
O arcanjo isolado, escultura numa catedral,
Siringe fugindo aos braços estendidos de Pã,
Tudo isto tende para o mesmo centro,
Busca encontrar-se e fundir-se
Na minha alma.
Eu adoro todas as coisas
E o meu coração é um albergue aberto toda a noite.
Tenho pela vida um interesse ávido
Que busca compreendê-la sentindo-a muito.
Amo tudo, animo tudo, empresto humanidade a tudo,
Aos homens e às pedras, às almas e às máquinas,
Para aumentar com isso a minha personalidade.
Pertenço a tudo para pertencer cada vez mais a mim próprio
E a minha ambição era trazer o universo ao colo
Como uma criança a quem a ama beija.
Eu amo todas as coisas, umas mais do que as outras —
Não nenhuma mais do que outra, mas sempre mais as que estou vendo
Do que as que vi ou verei.
Nada para mim é tão belo como o movimento e as sensações.
A vida é uma grande feira e tudo são barracas e saltimbancos.
Penso nisto, enterneço-me mas não sossego nunca.
Dá-me lírios, lírios
E rosas também.
​
In Poesia , Assírio & Alvim, ed. Teresa Rita Lopes, 2002
Nada me prende a nada.
Quero cinquenta coisas ao mesmo tempo.
Anseio com uma angústia de fome de carne
O que não sei que seja —
Definidamente pelo indefinido...
Durmo irrequieto, e vivo num sonhar irrequieto
De quem dorme irrequieto, metade a sonhar.
Fecharam-me todas as portas abstractas e necessárias.
Correram cortinas de todas as hipóteses que eu poderia ver da rua.
Não há na travessa achada o número da porta que me deram.
Acordei para a mesma vida para que tinha adormecido.
Até os meus exércitos sonhados sofreram derrota.
Até os meus sonhos se sentiram falsos ao serem sonhados.
Até a vida só desejada me farta – até essa vida...
Compreendo a intervalos desconexos;
Escrevo por lapsos de cansaço;
E um tédio que é até do tédio arroja-me à praia.
Não sei que destino ou futuro compete à minha angústia sem leme;
Não sei que ilhas do sul impossível aguardam-me náufrago;
Ou que palmares de literatura me darão ao menos um verso.
Não, não sei isto, nem outra coisa, nem coisa nenhuma...
E, no fundo do meu espírito, onde sonho o que sonhei,
Nos campos últimos da alma, onde memoro sem causa
(E o passado é uma névoa natural de lágrimas falsas),
Nas estradas e atalhos das florestas longínquas
Onde supus o meu ser,
Fogem desmantelados, últimos restos
Da ilusão final,
Os meus exércitos sonhados, derrotados sem ter sido,
As minhas cortes por existir, esfaceladas em Deus.
Outra vez te revejo,
Cidade da minha infância pavorosamente perdida…
Cidade triste e alegre, outra vez sonho aqui…
Eu? Mas sou eu o mesmo que aqui vivi, e aqui voltei,
E aqui tornei a voltar, e a voltar.
E aqui de novo tornei a voltar?
Ou somos todos os Eu que estive aqui ou estiveram,
Uma série de contas-entes ligados por um fio-memória,
Uma série de sonhos de mim de alguém de fora de mim?
Outra vez te revejo,
Com o coração mais longínquo, a alma menos minha.
Outra vez te revejo – Lisboa e Tejo e tudo –,
Transeunte inútil de ti e de mim,
Estrangeiro aqui como em toda a parte,
Casual na vida como na alma,
Fantasma a errar em salas de recordações,
Ao ruído dos ratos e das tábuas que rangem
No castelo maldito de ter que viver…
Outra vez te revejo,
Sombra que passa através das sombras, e brilha
Um momento a uma luz fúnebre desconhecida,
E entra na noite como um rastro de barco se perde
Na água que deixa de se ouvir…
Outra vez te revejo,
Mas, ai, a mim não me revejo!
Partiu-se o espelho mágico em que me revia idêntico,
E em cada fragmento fatídico vejo só um bocado de mim -
Um bocado de ti e de mim!...
26 - 4 - 1926
In Poesia , Assírio & Alvim, ed. Teresa Rita Lopes, 2002
DO ANO MILAGROSO DE EINSTEIN À CRISE FINANCEIRA ACTUAL
100 ANOS DE FÍSICA (INFELIZMENTE) MODERNA
Conferência por Pedro Lind Se procurarmos no LINKEDIN o perfil de Pedro G. Lind, encontramos:
Investigador na Universidade de Lisboa; Pós doutorado pela Universidade de Estugarda.
Formação académica: Universidade de Lisboa; Escola Secundária de Linda-a-Velha.
A carinhosa referência à escola onde teve a primeira aula de Física condiz inteiramente com o entusiasmo tão contagiante, a marcar as sessões que Pedro Lind nos tem oferecido. A última foi no dia 20 de março, num auditório cheio de alunos, sobretudo do 12º ano de Ciências, e de professores (de Física, claro, incluindo Graça Nunes, a sua antiga professora, mas também de Biologia, Português, História, Filosofia…), que assistiram à surpreendente intersecção da Física com outras áreas do conhecimento, como a Economia e as Finanças.
MUITO BOM!
FERNANDO PESSOA & CIA
"O DIA TRIUNFAL" - RECITAL DE POESIA
Partindo da carta de Fernando Pessoa a Adolfo Casais Monteiro,
a heteronímia pessoana foi recriada por cada um dos intérpretes, seres comuns que se confundiam com o público. Porque o "drama em gente” é o drama de todos nós, ainda que de cada um à sua maneira.
“FILME DO DESASSOSSEGO”
apresentado por João Botelho
Com o CLUBE DE CINEMA, para comemorar os 100 anos do "DIA TRIUNFAL" vimos o filme e ouvimos o realizador falar da sua espantosa leitura do LIVRO DO DESASSOSSEGO, obra do semi-heterónimo Bernardo Soares.
CONFERÊNCIA com a PROFESSORA TERESA RITA LOPES
Um encontro vivo, intenso e memorável como são todos os que acontecem com a Professora Teresa Rita Lopes, que parece sempre conduzir-nos à intimidade do Poeta.
"Criar Pessoas"
Oficina de Artes com o artista plástico Rinoceronte (parte 1) (ver a parte 2).
O criador de um sem número de originalíssimas esculturas de Fernando Pessoa (& COMPANHIA), já espalhadas por esse mundo fora, veio trabalhar com o 12º G.
Os resultados são surpreendentes e muito divertidos e já podem ser vistos.
CONCURSO DE FOTOGRAFIA
UM DEUS PASSEANDO NA BRISA DA TARDE (sessão 1)
O 10ºE esteve na Biblioteca, onde os alunos apresentaram capítulos do romance Um Deus Passeando na Brisa da Tarde, de Mário de Carvalho.
LER E ESCREVER COM MIA COUTOMIA COUTO 30 ANOS DE VIDA LITERÁRIA
EXPOSIÇÃO NA FACULDADE DE LETRAS
A nossa Escola também participou na Exposição patente na Biblioteca da Faculdade de Letras da Universidade Clássica, com trabalhos realizados no âmbito do projeto 3DDD, que em 2013 teve como tema “Cores d’África”.
Enquanto o Tomás Barra (7º), a Rita Ramos (9º),
a Beatriz Teixeira e a Inês Telo, a Inês Rodrigues e o Guilherme Tavares, o Nuno Galhofo e a Constança Miranda (todos do 11º ano), preparavam as apresentações de contos e romances de Mia Couto - respetivamente MAR ME QUER, “Enterro Televisivo”, A VARANDA DO FRANGIPANI, UM RIO CHAMADO TEMPO, UMA CASA CHAMADA TERRA, A CONFISSÃO DA LEOA, - algumas turmas do 8º e do 10 ano participaram em Oficinas de Escrita, das quais foram selecionados os textos a ler pelos autores, na comemoração dos 30 anos de Vida Literária de Mia Couto.
Os textos podem ser lidos AQUI
COLÓQUIO NA FACULDADE DE LETRAS - MIA COUTO
Os nossos alunos foram fantásticos, na apresentação dos livros e na leitura dos seus textos pessoais!
Discretos, eloquentes, simpáticos...
Mia Couto disse que "queria vir para a nossa Escola”! Que eles tinham feito o que qualquer escritor quer que os seus leitores façam, “apropriar-se dos livros”, explicar o que eles (lhes) dizem, sobre o que (lhes) falam...
Também cumprimentou as professoras, cuja orientação adivinhava.
Já em conversa no final, prometeu que nos visitaria.
Visivelmente, toda a assistência apreciou esta sessão, mas, temos a certeza, para ninguém foi tão extraordinária como para os alunos que a protagonizaram. Ficámos todos tão orgulhosos!
"OS MEUS LIVROS" COM JOÃO TORDO
O escritor João Tordo foi convidado pela Bibiloteca/aLer+ para nos falar dos seus livros; veio no dia 2 de dezembro, onde, num auditório repleto de jovens, de professores e de risos, realizou uma comunicação muito surpreendente,
entre o humor mais delirante, a propósito do próprio quotidiano, e a partilha, muito séria, da sua experiência de escritor e de leitor.
Entre os alunos do 10ºA, 11ºA e 11ºB, conquistou futuros leitores da sua obra.
PALAVRAS COM MÚSICA NO CLUBE DE CINEMA
Atividade obrigatória no começo de cada ano, a sessão de boas-vindas aos alunos novos, na Biblioteca da ESPJAL, é sempre muito, muito animada.
Mais uma vez, as turmas do 7º ano, e também uma de 10º, andaram À DESCOBERTA DOS LIVROS.
7ºA - 7ºB - 7ºC - 7ºD - 7ºE - 7ºF - 7ºG - 7ºH
Vencedores AQUI
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